segunda-feira, 27 de abril de 2020

"O FILHO QUE CASOU COM A MÃE"



No mundo tudo acontece,
Diz o adágio popular,
E a história de Estelito,
Vou agora lhe contar.
Um empresário opulento,
Que ainda sem ser a contento,
Com a mãe teve que casar.
                    
Aos trinta anos de viúva,
E setenta de idade,
Ao filho, Dona Maria,
Disse com sinceridade:
Tá amando de bom gosto,
Um rapaz muito disposto,
De sua mesma cidade.
                  
Sem dúvida Dona Maria
Tinha bela perfeição,
E era a mulher mais rica,
Na época, da região.
Porém, o “amor-cor-de-rosa”,
De forma bem grandiosa
Lhe acendeu nova paixão.
                 
Segundo Miguel Viola
Que este causo, enfim contava,
Um dia na feira-livre,
A velha Maria andava;
Silvério “abre o coração”,
E de joelhos no chão,
O confessou que a amava.

─Toma jeito meu rapaz,
Olhe para a minha idade,
Tenho mais de setenta anos,
Disse-lhe ela na verdade!
E novamente Silvério,
A ela disse bem sério,
─Eu te amo minha beldade.
                
Dona Maria perplexa,
Tão logo disse ademais:
─Como posso acreditar,
Na confissão que me faz;
Se quarenta anos de idade,
Mais velha sou na verdade,
Do que ti, ò meu rapaz!
                
O rapaz disse: ─ mulher,
Se você olhar bem, em mim,
Verás que tou todo trêmulo;
Nunca amei ninguém assim!
A grande realidade,
É que o amor não tem idade,
Acredite nisto enfim.
                
Notando ali a cautela
Que tinha Dona Maria,
Desconfiado decerto,
Consigo o moço dizia:
“Esta velha certamente,
É muito esperta evidente,
Mas lhe vencerei um dia “...

Na boca da velha um beijo,
Então pediu o Silvério,
Mesmo ele já sabendo,
Não desejar nada sério.
Porque para ele seria,
A forma ali de Maria,
Cair logo no mistério.
                
Por já haver interesse,
A velha não rejeitou.
Tão logo abraçou Silvério;
Que sem querer lhe beijou.
E já com menos dureza,
A viúva com certeza,
A Silvério assim falou:
               
─Rapaz você é mesmo um,
De fato louco, e insistente;
Quem você acha que vai,
Crer neste amor finalmente?
Pra ela ele disse assim: ─
Você crendo amor, em mim,
É o que importa evidente.
               
Aliás, Dona Maria,
Mesmo ficando animada,
A resposta pro Silvério,
Por quem já sentira amada;
Prometeu dar certamente: ─
Só depois logicamente,
De ser bem analisada.

O rapaz, disse, meu bem
Analise com carinho!
Não despreze quem ti ama,
Faça de mim o seu ninho;
Pra te aquecer todo dia;
Não tenha cisma Maria
É todo teu, meu corpinho!
                 
Ele sabia que a chance
De pôr à mão na riqueza,
Casado com a Maria,
Mais rica da redondeza.
Era na realidade,
Enfim, a oportunidade,
Das mais lógicas, com certeza.
                 
Logo depois de três dias
Maria manda chamar,
O galhardo do Silvério,
Que dizia lhe amar.
E tudo que ele chegou,
Na frente dela chorou,
Para o plano executar.
                
Naquele momento ali,
Uma fortíssima emoção,
Da Dona Maria, enfim,
Invadiu o coração.
E com bastante alegria,
A velha disse: ─ Sorria,
Já sou tua, seu bobão.

Com muito mais emoção,
Disse Silvério a Maria: ─
Pra provar se seu amor
É de fato de valia;
É comigo se casar;
E caso venha topar;
Caso hoje com alegria.
                
Porém Maria lhe disse: ─
Vamos com calma, rapaz,
O importante é a gente,
Se amar e viver em paz;
Casamento depois vem;
Deixa de pressa, meu bem,
Você, já me satisfaz.
               
Pensou ele, ainda consigo,
Mas quando mesmo será;
Que esta velha tão coroca,
Comigo enfim haverá!
De casar-se com certeza;
E mais perto da riqueza,
Eu venha de fato está?
               
Porém Silvério seguia
Crendo na premonição,
De enganar Dona Maria,
Mais rica da região.
A qual, enfim se casar,
Depois de muito pensar,
Prometeu ao rapagão.

Então ele se alegrou,
E a data do casamento,
O que demais almejava,
Logo marcou a contento.
Mas para contrariar,
Houve sem ele esperar,
Outro descontentamento.
               
Antes de ele ir para o Fórum
Como, tanto, enfim queria;
Casar na igreja católica,
Já tinha plano, a Maria.
E mesmo ele sem gostar,
Teve ali que concordar,
E demonstrar alegria.
               
Pra sua surpresa, enfim,
O dia do casamento,
Para o mesmo do civil,
Pela a viúva a contento;
Já estava, enfim marcado,
O jovem diz chateado:
La vem, outro impedimento.
               
Porém o dia chegou,
E o povo da redondeza,
A convite da viúva,
Foi assistir com certeza.
O tal casório esperado,
Com o plebeu já notado,
Igual gente de grandeza.

Tão certo o rapaz pensou:
Hoje minha alma alivia;
Assim que nós nos casarmos,
Pra mim o sol irradia;
E assim que a velha morrer;
Como deve acontecer,
Vou viver na maresia.
                 
O que ele não esperava,
E muito menos queria,
Era que de um filho único,
Era mãe, Dona Maria,
O qual em outra cidade,
Habitava na verdade,
E que tudo já sabia.
               
Todas as informações,
Do malandro “Safadão”,
Estelito já obtinha,
Na palma de sua mão.
Dia e hora do casório,
Na igreja e no cartório,
Já sabia ele então.
              
Nesse tempo com certeza,
Telegrama não havia,
Na cidade de Estelito
Nem na de Dona Maria.
Pra mãe não ser enganada,
Às quatro da madrugada,
Partira naquele dia.

No dia do casamento,
A igreja já bem lotada,
Sem sua mãe perceber,
De forma bem disfarçada,
Estelito ali chegou,
E bem quietinho ficou,
Esperou à hora chegada.
               
Depois ali do Vigário,
A Maria perguntar,
Se era do seu bom gosto,
Com o rapaz se casar!
Perguntou também a Silvério;
Que logo pensou bem sério,
É minha vez de falar...
                
Mas antes dele falar,
Quem falou foi Estelito,
O renovo de Maria,
Empresário de granito.
Dizendo─ Seu Padre Zeu,
Com mamãe, casa-se eu,
Neste dia tão bonito.
               
O Padre bem assustado,
Diante da confissão,
Repreendeu a blasfema,
De modo um tanto durão.
Estelito naquela hora,
Disse: ─ meu Deus e agora,
Qual será a solução?

Já pelo lado de fora,
Da igreja ali certamente,
Certo valor já na mão,
Pela janela evidente,
Estelito, então mostrava,
Ao Padre que já olhava,
Todo disfarçadamente.
              
E logo assim que Estelito,
Viu que o Padre ali notou.
Pra dentro da igreja, enfim,
Novamente ele voltou.
E já estando assentado,
Logo o Padre ameaçado...
Sem demora o interrogou:
               
─Rapaz, repita de novo
Pra eu entender melhor
O que você falou antes,
Pois entendi o pior...
─ E Estelito conheceu,
Que o sol pra ele nasceu,
E louvou ao Pai maior.
              
Então com mais confiança,
Disse sem titubear: ─
Padre, com a minha mãe,
Eu quero sim me casar.
E o povo ali novamente,
Ficaram logicamente,
Sem querer acreditar.


Logo, o Padre respondeu,
Causando maior tensão;
Ao confirmar para todos,
Não haver pecado não!
De o filho, então se casar
Com a mãe, e celebrar,
O casamento ia, então.
                
Na verdade o Padre disse,
Ouvir o moço falar;
Que seria com o pai,
Que queria se casar.
E a Estelito perdão,
Pediu, e disse: meu irmão,
Você é um filho exemplar.
              
Decerto Dona Maria,
Daquilo nada gostou,
Porém com a ação do filho,
Ela logo ali pensou;
De estar havendo um mistério,
E desgostando Silvério,
Com o filho, se casou.
                 
Pra mãe, ele revelou,
Tudo ali bem detalhado.
Ela agradeceu ao filho,
O pior ter evitado.
Silvério até hoje chora,
Conforme, Miguel Viola,
Meu saudoso pai amado.

Autor: Pedro Viola

2 comentários:

W. Júnior disse...

Que história curiosa...
Silvério se deu mal.

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