quarta-feira, 29 de abril de 2020

A HISTÓRIA DE CENTRAL


Agora eu vou lhe contar
De forma bem reduzida
Sim, a história de Central
A minha terra querida.
Uma cidade pacata,
No interior da mata,
De gente desenvolvida.
            I
Roça de Dentro, é que era
O seu nome antigamente.
Riacho Largo era o centro
De onde veio certamente:
O grande Izídro Ferreira,
Desbravador de primeira
Com sua equipe evidente.
               II
A sua equipe decerto,
Na verdade era formada,
Por seu genro e seus dois filhos,
Tudo gente preparada.
Que deixaram muito claro
O vosso valor tão raro,
Em toda vossa jornada.
            III
E os seus amados filhos
Já registro de antemão:
Foi Lúcio e Mané Ferreira;
Pra fechar a relação:
Seu genro Chico Ferreira,
Que foi filho de primeira
De João Ferreira, então.
            IV
Foram os descobridores
Este punhado de gente:
Da famosa Toca Velha,
Uma conquista excelente.
Que até hoje permanece,
E de fato ainda abastece,
Certamente a muita gente.
            V
Não vou entrar em detalhes
Sobre tudo que ocorreu.
Certo é que Roça de Dentro,
Sem dúvida desenvolveu.
Graças aos desbravadores
Tão fortes que nem tratores,
No seu tempo de apogeu.
            VI
A primeira moradia
Que em Roça de Dentro surgiu,
De alicerce e telha foi
De seu Janil, diz quem viu.
A segunda construção
Foi de José de Assunção,
Varão que muito evoluiu.
            VII
Quem construiu essas casas
De Janil e Assunção,
Da família dos Ferreiras,
Foi o sogro de Euzebão;
O seu Inácio Sobreira,
Arquiteto de primeira
Que chegou neste sertão.
            VIII
Seu Janil foi o primeiro
Professor particular,
E também negociante,
Vale a pena registrar.
Joaquim Ferreira de brito
Foi o primeiro, ta dito
“coronel”, sim a reinar.
            IX
A primeira casa de
Farinha em Roça de Dentro,
Foi de Francisco Ferreira,
Que pra tudo estava atento.
Trabalhava com alegria,
Toda noite e todo dia
Este povo do outro tempo.
            X
Quero também registrar
O primeiro casamento
De auta com Chico Grande
Tão forte igualmente o vento.
Filha de Chico Ferreira,
Auta, enfim era a primeira,
E a noiva do momento.
            XI
O bravo Chico Ferreira
Foi quem primeiro tirou:
O leite da maniçoba
E comercializou.
Foi na serra do Riacho
Que o látex, o cabra macho,
Certamente encontrou.
            XII
O Lauro e o Venço Ferreira,
Na base da parceria,
Fizeram um tanque d´água
Nesse sertão da Bahia.
Pra pegar água de chuva
Que era rara como uva
Pra toda e qualquer família.
            XIII
Seu Antônio Rocha foi
O primeiro balconista.
Era uma pessoa amável
E também muito benquista.
Casou com Dona Lindinha,
E grande prole ele tinha,
Produto dessa conquista.
            XIV
Já o primeiro barbeiro,
Orgulho-me de citar:
Altino Martins dos Anjos,
Mui jocoso e popular.
O esposo de “Julinha”,
Certamente Tia minha,
Tenho prazer de citar.
            XV
Em mil e novecentos e
Vinte e oito, com certeza,
Se deu a primeira feira,
Um momento de grandeza.
Dia primeiro de abril,
Foi um dia nota mil
E um marco de riqueza.
            XVI
A primeira feira livre
Dessa aldeia, enfim roceira,
Deu-se diante da casa
Do velho Chico Ferreira.
E sábado foi o dia
Dessa tão grande alegria,
Para sua prole herdeira.
            XVII
No ano de vinte e oito
Aquela povoação,
Construiu a sua igreja
Com direito a procissão.
E colocaram seu sino
Bem no dia do divino,
Numa famosa missão.
            XVIII
No ano cinqüenta e oito
Roça de Dentro despede,
Seu velho nome de guerra
Por outro que lhe sucede.
E este nome é Central
Que é o centro do arraial
E que até hoje é a sede.
            XIX
Seu Euzébio e Nilza Brito,
Na igreja em Roça de dentro
Casal primeiro a casar,
O bisneto tão atento
Do senhor Chico Ferreira,
Com a filha de sobreira
Foi feliz no casamento.
            XX
Euzébio Ferreira Brito,
Na cidade de Central
Foi o primeiro prefeito,
E foi excepcional.
Na sua administração
Não teve corrupção,
Só construção afinal.
            XXI.
Euzébio foi um prefeito
E um grande cidadão.
Construiu ele a caixa
D´água, e o campo de avião.
E fez estradas e pontes,
Abriu novos horizontes,
Para o povo do sertão.
            XXII
Porém a primeira missa
Que em Central foi celebrada,
Foi na casa de Francisco
Ferreira (França de Jarda).
Pelo grande padre Pedro,
E certamente no enredo
Seguirei meu camarada.
            XXIII
O primeiro caminhão
Que apareceu em Central
Foi de Marinho Carvalho,
Um fato fenomenal.
Fizeram até rodagem
Para o carro dar passagem,
Enfim, por todo arraial.
            XXIV
Marinho foi tão famoso
Junto com seu caminhão,
Que a cidade Xique-Xique
Fez sua celebração.
Botou seu nome lendário
No terminal rodoviário,
O melhor da região.
            XXV
Em mil novecentos e
Setenta e um, na gestão
Do Senhor Carlos Gonçalves,
Ocorreu a fundação:
Do sindicato, enfim,
Dos trabalhadores sim,
Que continua em ação.
            XXVI
Sua equipe provisória
O povo podia confiar.
Três homens bastante honestos,
Prontos para trabalhar.
Vital Gonçalves Carvalho,
Sempre foi ótimo no malho,
Uma figura exemplar.
            XXVII 
Tietre foi outro herói,
O qual também não deixou,
A desejar evidente,
E na época ele atuou;
De modo extraordinário,
Na função de secretário;
A pesquisa assim mostrou.
            XXVIII
Seu famoso tesoureiro
Que dá gosto de citar:
Gildásio Miguel da Costa,
Que foi de modo exemplar:
O segundo presidente
Desse órgão competente,
Que ele mesmo viu fundar.
            XXIX
Já a aposentadoria
Chegou de fato a Central:
No ano sessenta e quatro,
Pelo plano Federal.
Depois da Revolução,
A qual levanta o povão,
Contra o Estado geral.
            XXX
Na gestão de Zé Ribeiro,
Outro Prefeito legal.
Chegou à hora, e a vez,
De fundar o Funrural.
Eudaldo Miguel da Costa,
Acreditou na proposta,
Com seu bom potencial.
            XXXI
Os primeiros delegados
Eu vou agora citar:
Começou por Zé carneiro,
Pra polícia comandar.
Abdias, Anfilófio e Máximo;
Cada um deu de se o máximo,
É importante frisar.
            XXXII
Na relação ainda temos,
Só para finalizar,
O Gustavo e Lourisval,
E Antônio pra completar.
E sem fugirem da grife,
Cada um foi bom “xerife”,
Na arte de aconselhar.
            XXXIII
Agora eu vou registrar,
Enfim, os quatro Tenentes
Primeiros a atuarem,
Os quais foram competentes.
Raimundo Nonato e Braz,
Nunca ficaram atrás,
Eram mesmo diligentes.
            XXXIV
Seu Cláudio Primo da Silva
E Manuel Julião,
Fizeram um bom trabalho,
Causaram admiração.
E não somente em central
Mostraram seu cabedal,
Mas em toda a região.
            XXXV
Agora preste atenção
Pro nome que vou citar:
É o sargento Marisvaldo,
Que aprendi a admirar.
Minha cordialidade
Por sua capacidade,
Eu vou sempre lhe prestar.
            XXXVI
E agora eu vou citar
Outros nomes importantes
Que são os juízes de paz, 
Todos eles são brilhantes.
Na cidade de Central,
Os juízes de casal
Sempre foram triunfantes.
            XXXVII           
Os escrivães de paz foram:
Zeca de Castro Dourado,
Otacílio e Sinhozinho,
Um triênio respeitado.
Igual Mário Cavalcante,
Sujeito muito elegante,
E tem o José Machado.
            XXXVIII
Mas Central conta também
Com grandes tabeliões:
Miraci, Djalma e Elson
Que causa recordações.
Todos eles competentes,
Mesmo tendo diferentes,
Certamente opiniões.
            XXXIX
O primeiro nascimento
Sim, registrado em Central.
No cartório Civil foi
O de Carlos afinal
Gonçalves dos Santos, sim
O qual foi Prefeito e, enfim,
Professor ginasial.
            XL
Os juízes de Central
Foram homens de primeira:
Doutor Marinaldo Bastos
E doutor Hoel Ferreira.
Dois varões muito versados
E certamente admirados,
Nessa arte brasileira.
            XLI 
Eu agora vou dizer
Onde era, enfim o local,
Do Tribunal de Júri
Da cidade de Central.
E na LBV, então,
Um antigo casarão
É que era mesmo afinal.
            XLII
No dia três de junho de
Mil novecentos, enfim,
O primeiro julgamento,
Logicamente nele sim,
Houve com toda certeza,
Uma data de grandeza,
Certamente eu vejo assim.
           XLIII        
Continuando essa história
Eu agora vou citar,
Os nomes dos promotores,
Valendo aqui ressaltar:
Que trata só dos primeiros
A mexer com trambiqueiros,
Só pra você meditar.
            XLIV
Doutor Zé Martinho Neto,
Decerto foi o primeiro.
Doutor Edson e Cleómenes,
E também o peleiteiro.
José vilobaldo e Armando
Deste grupo não nefando,
Completa, enfim a fileira.
            XLV
E como primeiro adjunto
De promotor em Central:
Tem Antônio Carlos Pires,
Um Promotor genial.
E o Jair Rocha Dias,
O qual sempre esteve em dias,
Com o plano capital.
            XLVI
Doutor Josenito Lima
Foi o primeiro dentista,
Com certeza pra Central
Foi uma bela conquista.
Além do que já citei,
Este varão era a lei
Com um boticão á vista.
            XLVII
Aliás, eu vou falar
O nome das “enfermeiras”
Ou técnicas de enfermagem
Sendo também as primeiras:
Eliete e Margarida,
Duas damas preferidas,
Trabalhavam sem canseiras.
            XLVIII
Ainda nesta relação
Eu vou também colocar,
O nome dos vereadores
Primeiros deste lugar.
Até o ano decerto
De setenta e seis por certo,
Pra você memorizar.
            XLIX
João Martins e Evilásio,
Agnélio e Joviniano,
O saudoso e popular,
Francisco Martiniano,
Ou seja, seu Chico Naneu,
O qual entre nós viveu,
Sem jamais ser leviano.
              L
Francisco Ferreira e Orlando
Já segue aqui na sequência,
Com o Carlos Gonçalves,
Que é outro de eficiência.
Gildásio Miguel de Mastro
E o Gildásio de Castro,
São todos de competência.   
               LI
Faltava citar somente,
Enfim Rosalvo Ferreira,
Porém já não falta mais
Pois já está na fileira.
Outro grande baluarte,
O qual na linha de ataque
Sempre interagiu sem besteira.
            LII
Genelísio e Máximo Guedes,
Getúlio Carlos e Osvaldo;
E o nobre Antônio Nunes;
Gilci de Castro Dourado;
Anfilófio Guedes Matos;
Marcilon Machado Matos,
E ainda, Maria Machado.
            LIII
Pedro Carneiro e Zé Pedro;
Também Djalma Ferreira,
O Cláudio Primo da Silva
E Antônio Lúcio Pereira.
Adão de Assunção Duarte,
O que faz tudo com arte,
E que advoga de primeira.
            LIV
Absolon, João Alecrim,
Zé Dias, Joarez Amaral;
O Nicomendes Pereira;
João Guedes Juvenal.
Arnaldo Martins de Almeida,
O qual na coisa envereda,
Também foi prefeito o tal.
            LV
José Alves e Carlito;
Elpídio e Euzébio Brito;
Cantídio Ferreira e Milton
Porto, também já escrito.
Quarenta vereadores
E todos trabalhadores,
Um a um são de granito.
           LVI 
Euzébio Ferreira Brito,
Acima mencionado
Foi o primeiro prefeito,
E também muito estimado.
Tem também Almir Ribeiro
Maciel, outro altaneiro,
E certamente admirado.
            LVII
Carlos Gonçalves dos Santos
E o amigo Zé ribeiro,
Também foram bons prefeitos
Para o povo de primeiro.
Cantídio Pires decerto
E Arnaldo Martins por certo,
São de fato os derradeiros.
            LVIII
O primeiro cordelista
Da História de Central,
Que o povo tem notícia
Desde o tempo imperial:
Foi o véi Mane Bruaca,
Um violeiro de taca,
Com pose de general.
            LIX
E depois Miguel Viola,
O rimador do sertão;
Também contador de causos
Passados na região.
Pra ele eu tiro o chapéu,
Pra mim foi mais que um troféu,
Pois ele foi meu paizão.
            LX
E por aqui meu amigo
Decerto vou encerrar,
A história dos antigos,
De Central um bom lugar.
Mas o tempo continua,
A trajetória hoje é sua,
Que outra hora eu vou contar.
            LXI
Portanto, é você agora
Que hoje lê este cordel
Do autor Pedro Viola,
Nesta folha de papel,
Que um dia será lembrando
Como coisa do passado
Como as estrelas do céu.
            LXII
Pois nós somos a história,
Aqui e em qualquer lugar.
Agora ou a qualquer hora
Aonde você se encontrar;
Será mero personagem,
Que marcou sua passagem
Para eu poder rimar.
            LXIII


Autor: Pedro Viola

0 comentários:

Postar um comentário

  ©BLOG DO POETA PEDRO VIOLA - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo