CORDEL INTITULADO: A CASA DAS LIVUSIAS
Eu agora vou
narrar
Sobre uma
casa assobrada,
Amigo preste
atenção
Nesta
história se dada.
Pois talvez
de assombração
Você nunca
viu foi nada.
1
Na casa das
livusias
Quinze dias
seu ninguém
Conseguia
nela morar
E dizer aqui
me convém,
Que nem
mesmo uma noite
Suportou um
certo alguém.
2
O senhor
Mané Preá
Foi esse
alguém certamente,
Que se mijou
e cagou
Quando
esteve ali presente,
Ao vê fogo
acender só
E quadro andar
evidente.
3
Onde cadeira
e panela
E filtro de
água, portanto,
Sem ajuda de
ser humano
Mexia por
todo canto
Razão de
Mané Preá
Correr sem
quebrar o encanto.
4
Inclusive da
carreira
Que Mané deu
nesse dia,
Foi parar a
casa de
Miguel, o
qual já dormia,
E que acordou
com os gritos
Do compadre
em agonia.
5
Nem de
peixeira e garrucha
Mané Preá se
lembrou,
Quanto mais
da sacolinha
E as velas
que levou.
Foi um dia
de aflição,
Tudo isto
porque teimou.
6
Miguel Viola
o alertou,
Mas ele não
deu importância,
Com gesto de
valentia
Dizia ele
com jactância,
Que de nada
tinha medo,
Foi grande a
intolerância.
7
Até mesmo
lobisomem
Disse, ele
ter enfrentado,
Miguel fez o
desafio
E por Mané
foi topado.
De ir dormi
a casa que
Miguel tinha
se mudado.
8
E com gesto
de homem bravo
Ali naquela
noitinha
Depois de
Miguel Viola
Entregar-lhe,
enfim, a chavinha.
Dizia ele: −
então, compadre
É esta aqui,
a casinha?
9
Sem ter muito
que fazer,
Miguel só o
desejou,
Uma boa
noite ao amigo
Que pra
dentro logo entrou.
E que
minuciosamente
Tudo lá
dentro sondou.
10
O que lhe
deixou em dúvida,
Mas também
muito animado,
Foi cadeira,
filtro e rede
Lá dentro
ter encontrado,
Bacia, prato
e toalha
E retrato
pendurado
11
Diante desse
cenário,
Nunca que
Mané pensou,
Que fosse
ali certamente,
Esse, que
quase matou:
O pobre
Miguel, de medo
Nas noites
que o pernoitou.
12
O Mané Preá,
de inicio,
Chegou de
fato a pensar
Que seu
compadre Miguel
Queria era
lhe negar,
A dormida
preferida
Que tanto estava
a sonhar.
13
Mas o engano
de Mané
Foi logo ali
tirado,
E começou
pelo o filtro,
O qual
deixou desligado,
Ao ligar ali
sozinho,
E sem gato,
ouvi miado.
14
Panela e
bacia, enfim,
Sem se mover
do lugar,
Fazia ali
reboliço
Caindo no
chão a espalhar.
Contudo Mané
tentou
Ali, enfim, se
acalmar.
15
Mas quando
ele viu o fogo
Do fogão a
clarear,
E o retrato
da parede
Livremente
passear.
Implorou,
então aos Santos,
Que não lhe
fora assear.
16
Não teve
cruz, não teve nada,
Nem “Nossa
Senhora”, enfim,
Para o
livrá-lo decerto
Do momento
ali ruim.
Que para
Mané Preá
Parecia não
ter fim.
17
Porém ele
fez de tudo
Para vê se
não corria,
E manter a
sua pose
Que era de
valentia.
Porém chegou
a hora em que
Mostrou sua
covardia.
18
Foi na hora em
que ele viu
Em alta
velocidade,
A cadeira
balançando
Sozinha ali
na verdade.
Foi quando
ele mijou
Também na
realidade.
19
A rede que
Mané tava,
Foi a última
tentativa,
Para ele
suportar
Toda
tentação ativa,
Pois a rede
transmitia
Maior força
negativa.
20
Nessa hora Mané
Preá
Ali gritava
e gemia,
Chamando Miguel
Viola
O qual nessa
hora dormia.
Foi quando
Mané, da rede
Pulou de
tanta agonia.
21
Ele, então,
caiu no chão
Quase, enfim
desgovernado,
Mas contudo
conseguiu
Mesmo
estando atordoado,
Sair dali do
local
Correndo
desesperado.
22
Além da sua
garrucha
E peixeira
certamente,
Ele deixou
também as botas
E sua cruz
realmente.
O suor
tomava conta
Dele todo finalmente.
23
E além de Mané
ali
Ter de fato se
mijado,
Saiu também
bem fedido
Deixo aqui
bem explicado.
Certamente
seu Mané
Sofreu ali
seu bocado.
24
Vários dias
seu Mané
Sofreu de
disenteria,
Porque medo
igual aquele
Nunca
passara outro dia.
Nem brincando
hoje ele gosta
De falar em
livusia.
25
Miguel
Viola, seu compadre
Que é de
maior precaução
Lamentou com
certeza
A triste
situação,
De ver o
colega correndo
Naquela dura
aflição
26
Pois Miguel
estava, enfim,
Ainda bem
amedrontado,
Com o que
tinha vivido
Nesse
casebre assombrado,
De igual
modo as criançinhas,
E todo seu
povo amado.
27
Miguel Viola
perdeu
Toda sua bugiganga,
Pois até
mesmo de dia
−Não
tinha pano pra manga−
De adentrar
a casa em que,
Fantasma
lida a charanga.
28
E com isto esta
história
Está
chegando ao fim.
A história
da velha casa
Das
Livusias, enfim.
Onde Mané
Preá disse
Nunca ter sofrido
assim.
29
Mas para
finalizar,
Quero aqui
esclarecer:
Que a casa
das livusias
Que pude
aqui descrever.
É uma
história criada.
Que vale apena
se ler.
30
Pois ela
mostra de fato
A grande
realidade.
De que andar,
se gabando,
É coisa que
na verdade,
Não vale
apena decerto,
Feliz quem
tem humildade.
31
Este cordel
foi mais um
Que entrou
para os anais
Da minha
autoria decerto,
E querendo
saber mais,
Sobre mim,
acesse, enfim,
Minhas redes
sociais.
32
LINK DO FILME: https://www.youtube.com/watch?v=YikCcA6saHM
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