terça-feira, 21 de abril de 2020

CORDEL INTITULADO: A CASA DAS LIVUSIAS


Eu agora vou narrar
Sobre uma casa assobrada,
Amigo preste atenção
Nesta história se dada.
Pois talvez de assombração
Você nunca viu foi nada.
1
Na casa das livusias
Quinze dias seu ninguém
Conseguia nela morar
E dizer aqui me convém,
Que nem mesmo uma noite
Suportou um certo alguém.
2
O senhor Mané Preá
Foi esse alguém certamente,
Que se mijou e cagou
Quando esteve ali presente,
Ao vê fogo acender só
E quadro andar evidente.
3
Onde cadeira e panela
E filtro de água, portanto,
Sem ajuda de ser humano
Mexia por todo canto
Razão de Mané Preá
Correr sem quebrar o encanto.
4
Inclusive da carreira
Que Mané deu nesse dia,
Foi parar a casa de
Miguel, o qual já dormia,
E que acordou com os gritos
Do compadre em agonia.
5
Nem de peixeira e garrucha
Mané Preá se lembrou,
Quanto mais da sacolinha
E as velas que levou.
Foi um dia de aflição,
Tudo isto porque teimou.
6
Miguel Viola o alertou,
Mas ele não deu importância,
Com gesto de valentia
Dizia ele com jactância,
Que de nada tinha medo,
Foi grande a intolerância.
7
Até mesmo lobisomem
Disse, ele ter enfrentado,
Miguel fez o desafio
E por Mané foi topado.
De ir dormi a casa que
Miguel tinha se mudado.
8
E com gesto de homem bravo
Ali naquela noitinha
Depois de Miguel Viola
Entregar-lhe, enfim, a chavinha.
Dizia ele: então, compadre
É esta aqui, a casinha?
9
Sem ter muito que fazer,
Miguel só o desejou,
Uma boa noite ao amigo
Que pra dentro logo entrou.
E que minuciosamente
Tudo lá dentro sondou.
10
O que lhe deixou em dúvida,
Mas também muito animado,
Foi cadeira, filtro e rede
Lá dentro ter encontrado,
Bacia, prato e toalha
E retrato pendurado
11
Diante desse cenário,
Nunca que Mané pensou,
Que fosse ali certamente,
Esse, que quase matou:
O pobre Miguel, de medo
Nas noites que o pernoitou.
12
O Mané Preá, de inicio,
Chegou de fato a pensar
Que seu compadre Miguel
Queria era lhe negar,
A dormida preferida
Que tanto estava a sonhar.
13
Mas o engano de Mané
Foi logo ali tirado,
E começou pelo o filtro,
O qual deixou desligado,
Ao ligar ali sozinho,
E sem gato, ouvi miado.
14
Panela e bacia, enfim,
Sem se mover do lugar,
Fazia ali reboliço
Caindo no chão a espalhar.
Contudo Mané tentou
Ali, enfim, se acalmar.
15
Mas quando ele viu o fogo
Do fogão a clarear,
E o retrato da parede
Livremente passear.
Implorou, então aos Santos,
Que não lhe fora assear.
16
Não teve cruz, não teve nada,
Nem “Nossa Senhora”, enfim,
Para o livrá-lo decerto
Do momento ali ruim.
Que para Mané Preá
Parecia não ter fim.
17
Porém ele fez de tudo
Para vê se não corria,
E manter a sua pose
Que era de valentia.
Porém chegou a hora em que
Mostrou sua covardia.
18
Foi na hora em que ele viu
Em alta velocidade,
A cadeira balançando
Sozinha ali na verdade.
Foi quando ele mijou
Também na realidade.
19
A rede que Mané tava,
Foi a última tentativa,
Para ele suportar
Toda tentação ativa,
Pois a rede transmitia
Maior força negativa.
20
Nessa hora Mané Preá
Ali gritava e gemia,
Chamando Miguel Viola
O qual nessa hora dormia.
Foi quando Mané, da rede
Pulou de tanta agonia.
21
Ele, então, caiu no chão
Quase, enfim desgovernado,
Mas contudo conseguiu
Mesmo estando atordoado,
Sair dali do local
Correndo desesperado.
22
Além da sua garrucha
E peixeira certamente,
Ele deixou também as botas
E sua cruz realmente.
O suor tomava conta
Dele todo finalmente.
23
E além de Mané ali
Ter de fato se mijado,
Saiu também bem fedido
Deixo aqui bem explicado.
Certamente seu Mané
Sofreu ali seu bocado.
24
Vários dias seu Mané
Sofreu de disenteria,
Porque medo igual aquele
Nunca passara outro dia.
Nem brincando hoje ele gosta
De falar em livusia.
25
Miguel Viola, seu compadre
Que é de maior precaução
Lamentou com certeza
A triste situação,
De ver o colega correndo
Naquela dura aflição
26
Pois Miguel estava, enfim,
Ainda bem amedrontado,
Com o que tinha vivido
Nesse casebre assombrado,
De igual modo as criançinhas,
E todo seu povo amado.
27
Miguel Viola perdeu
Toda sua bugiganga,
Pois até mesmo de dia
Não tinha pano pra manga
De adentrar a casa em que,
Fantasma lida a charanga.
28
E com isto esta história
Está chegando ao fim.
A história da velha casa
Das Livusias, enfim.
Onde Mané Preá disse
Nunca ter sofrido assim.
29
Mas para finalizar,
Quero aqui esclarecer:
Que a casa das livusias
Que pude aqui descrever.
É uma história criada.
Que vale apena se ler.
30
Pois ela mostra de fato
A grande realidade.
De que andar, se gabando,
É coisa que na verdade,
Não vale apena decerto,
Feliz quem tem humildade.
31
Este cordel foi mais um
Que entrou para os anais
Da minha autoria decerto,
E querendo saber mais,
Sobre mim, acesse, enfim,
Minhas redes sociais.
32





0 comentários:

Postar um comentário

  ©BLOG DO POETA PEDRO VIOLA - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo