quarta-feira, 29 de abril de 2020

A HISTÓRIA DE CENTRAL


Agora eu vou lhe contar
De forma bem reduzida
Sim, a história de Central
A minha terra querida.
Uma cidade pacata,
No interior da mata,
De gente desenvolvida.
            I
Roça de Dentro, é que era
O seu nome antigamente.
Riacho Largo era o centro
De onde veio certamente:
O grande Izídro Ferreira,
Desbravador de primeira
Com sua equipe evidente.
               II
A sua equipe decerto,
Na verdade era formada,
Por seu genro e seus dois filhos,
Tudo gente preparada.
Que deixaram muito claro
O vosso valor tão raro,
Em toda vossa jornada.
            III
E os seus amados filhos
Já registro de antemão:
Foi Lúcio e Mané Ferreira;
Pra fechar a relação:
Seu genro Chico Ferreira,
Que foi filho de primeira
De João Ferreira, então.
            IV
Foram os descobridores
Este punhado de gente:
Da famosa Toca Velha,
Uma conquista excelente.
Que até hoje permanece,
E de fato ainda abastece,
Certamente a muita gente.
            V
Não vou entrar em detalhes
Sobre tudo que ocorreu.
Certo é que Roça de Dentro,
Sem dúvida desenvolveu.
Graças aos desbravadores
Tão fortes que nem tratores,
No seu tempo de apogeu.
            VI
A primeira moradia
Que em Roça de Dentro surgiu,
De alicerce e telha foi
De seu Janil, diz quem viu.
A segunda construção
Foi de José de Assunção,
Varão que muito evoluiu.
            VII
Quem construiu essas casas
De Janil e Assunção,
Da família dos Ferreiras,
Foi o sogro de Euzebão;
O seu Inácio Sobreira,
Arquiteto de primeira
Que chegou neste sertão.
            VIII
Seu Janil foi o primeiro
Professor particular,
E também negociante,
Vale a pena registrar.
Joaquim Ferreira de brito
Foi o primeiro, ta dito
“coronel”, sim a reinar.
            IX
A primeira casa de
Farinha em Roça de Dentro,
Foi de Francisco Ferreira,
Que pra tudo estava atento.
Trabalhava com alegria,
Toda noite e todo dia
Este povo do outro tempo.
            X
Quero também registrar
O primeiro casamento
De auta com Chico Grande
Tão forte igualmente o vento.
Filha de Chico Ferreira,
Auta, enfim era a primeira,
E a noiva do momento.
            XI
O bravo Chico Ferreira
Foi quem primeiro tirou:
O leite da maniçoba
E comercializou.
Foi na serra do Riacho
Que o látex, o cabra macho,
Certamente encontrou.
            XII
O Lauro e o Venço Ferreira,
Na base da parceria,
Fizeram um tanque d´água
Nesse sertão da Bahia.
Pra pegar água de chuva
Que era rara como uva
Pra toda e qualquer família.
            XIII
Seu Antônio Rocha foi
O primeiro balconista.
Era uma pessoa amável
E também muito benquista.
Casou com Dona Lindinha,
E grande prole ele tinha,
Produto dessa conquista.
            XIV
Já o primeiro barbeiro,
Orgulho-me de citar:
Altino Martins dos Anjos,
Mui jocoso e popular.
O esposo de “Julinha”,
Certamente Tia minha,
Tenho prazer de citar.
            XV
Em mil e novecentos e
Vinte e oito, com certeza,
Se deu a primeira feira,
Um momento de grandeza.
Dia primeiro de abril,
Foi um dia nota mil
E um marco de riqueza.
            XVI
A primeira feira livre
Dessa aldeia, enfim roceira,
Deu-se diante da casa
Do velho Chico Ferreira.
E sábado foi o dia
Dessa tão grande alegria,
Para sua prole herdeira.
            XVII
No ano de vinte e oito
Aquela povoação,
Construiu a sua igreja
Com direito a procissão.
E colocaram seu sino
Bem no dia do divino,
Numa famosa missão.
            XVIII
No ano cinqüenta e oito
Roça de Dentro despede,
Seu velho nome de guerra
Por outro que lhe sucede.
E este nome é Central
Que é o centro do arraial
E que até hoje é a sede.
            XIX
Seu Euzébio e Nilza Brito,
Na igreja em Roça de dentro
Casal primeiro a casar,
O bisneto tão atento
Do senhor Chico Ferreira,
Com a filha de sobreira
Foi feliz no casamento.
            XX
Euzébio Ferreira Brito,
Na cidade de Central
Foi o primeiro prefeito,
E foi excepcional.
Na sua administração
Não teve corrupção,
Só construção afinal.
            XXI.
Euzébio foi um prefeito
E um grande cidadão.
Construiu ele a caixa
D´água, e o campo de avião.
E fez estradas e pontes,
Abriu novos horizontes,
Para o povo do sertão.
            XXII
Porém a primeira missa
Que em Central foi celebrada,
Foi na casa de Francisco
Ferreira (França de Jarda).
Pelo grande padre Pedro,
E certamente no enredo
Seguirei meu camarada.
            XXIII
O primeiro caminhão
Que apareceu em Central
Foi de Marinho Carvalho,
Um fato fenomenal.
Fizeram até rodagem
Para o carro dar passagem,
Enfim, por todo arraial.
            XXIV
Marinho foi tão famoso
Junto com seu caminhão,
Que a cidade Xique-Xique
Fez sua celebração.
Botou seu nome lendário
No terminal rodoviário,
O melhor da região.
            XXV
Em mil novecentos e
Setenta e um, na gestão
Do Senhor Carlos Gonçalves,
Ocorreu a fundação:
Do sindicato, enfim,
Dos trabalhadores sim,
Que continua em ação.
            XXVI
Sua equipe provisória
O povo podia confiar.
Três homens bastante honestos,
Prontos para trabalhar.
Vital Gonçalves Carvalho,
Sempre foi ótimo no malho,
Uma figura exemplar.
            XXVII 
Tietre foi outro herói,
O qual também não deixou,
A desejar evidente,
E na época ele atuou;
De modo extraordinário,
Na função de secretário;
A pesquisa assim mostrou.
            XXVIII
Seu famoso tesoureiro
Que dá gosto de citar:
Gildásio Miguel da Costa,
Que foi de modo exemplar:
O segundo presidente
Desse órgão competente,
Que ele mesmo viu fundar.
            XXIX
Já a aposentadoria
Chegou de fato a Central:
No ano sessenta e quatro,
Pelo plano Federal.
Depois da Revolução,
A qual levanta o povão,
Contra o Estado geral.
            XXX
Na gestão de Zé Ribeiro,
Outro Prefeito legal.
Chegou à hora, e a vez,
De fundar o Funrural.
Eudaldo Miguel da Costa,
Acreditou na proposta,
Com seu bom potencial.
            XXXI
Os primeiros delegados
Eu vou agora citar:
Começou por Zé carneiro,
Pra polícia comandar.
Abdias, Anfilófio e Máximo;
Cada um deu de se o máximo,
É importante frisar.
            XXXII
Na relação ainda temos,
Só para finalizar,
O Gustavo e Lourisval,
E Antônio pra completar.
E sem fugirem da grife,
Cada um foi bom “xerife”,
Na arte de aconselhar.
            XXXIII
Agora eu vou registrar,
Enfim, os quatro Tenentes
Primeiros a atuarem,
Os quais foram competentes.
Raimundo Nonato e Braz,
Nunca ficaram atrás,
Eram mesmo diligentes.
            XXXIV
Seu Cláudio Primo da Silva
E Manuel Julião,
Fizeram um bom trabalho,
Causaram admiração.
E não somente em central
Mostraram seu cabedal,
Mas em toda a região.
            XXXV
Agora preste atenção
Pro nome que vou citar:
É o sargento Marisvaldo,
Que aprendi a admirar.
Minha cordialidade
Por sua capacidade,
Eu vou sempre lhe prestar.
            XXXVI
E agora eu vou citar
Outros nomes importantes
Que são os juízes de paz, 
Todos eles são brilhantes.
Na cidade de Central,
Os juízes de casal
Sempre foram triunfantes.
            XXXVII           
Os escrivães de paz foram:
Zeca de Castro Dourado,
Otacílio e Sinhozinho,
Um triênio respeitado.
Igual Mário Cavalcante,
Sujeito muito elegante,
E tem o José Machado.
            XXXVIII
Mas Central conta também
Com grandes tabeliões:
Miraci, Djalma e Elson
Que causa recordações.
Todos eles competentes,
Mesmo tendo diferentes,
Certamente opiniões.
            XXXIX
O primeiro nascimento
Sim, registrado em Central.
No cartório Civil foi
O de Carlos afinal
Gonçalves dos Santos, sim
O qual foi Prefeito e, enfim,
Professor ginasial.
            XL
Os juízes de Central
Foram homens de primeira:
Doutor Marinaldo Bastos
E doutor Hoel Ferreira.
Dois varões muito versados
E certamente admirados,
Nessa arte brasileira.
            XLI 
Eu agora vou dizer
Onde era, enfim o local,
Do Tribunal de Júri
Da cidade de Central.
E na LBV, então,
Um antigo casarão
É que era mesmo afinal.
            XLII
No dia três de junho de
Mil novecentos, enfim,
O primeiro julgamento,
Logicamente nele sim,
Houve com toda certeza,
Uma data de grandeza,
Certamente eu vejo assim.
           XLIII        
Continuando essa história
Eu agora vou citar,
Os nomes dos promotores,
Valendo aqui ressaltar:
Que trata só dos primeiros
A mexer com trambiqueiros,
Só pra você meditar.
            XLIV
Doutor Zé Martinho Neto,
Decerto foi o primeiro.
Doutor Edson e Cleómenes,
E também o peleiteiro.
José vilobaldo e Armando
Deste grupo não nefando,
Completa, enfim a fileira.
            XLV
E como primeiro adjunto
De promotor em Central:
Tem Antônio Carlos Pires,
Um Promotor genial.
E o Jair Rocha Dias,
O qual sempre esteve em dias,
Com o plano capital.
            XLVI
Doutor Josenito Lima
Foi o primeiro dentista,
Com certeza pra Central
Foi uma bela conquista.
Além do que já citei,
Este varão era a lei
Com um boticão á vista.
            XLVII
Aliás, eu vou falar
O nome das “enfermeiras”
Ou técnicas de enfermagem
Sendo também as primeiras:
Eliete e Margarida,
Duas damas preferidas,
Trabalhavam sem canseiras.
            XLVIII
Ainda nesta relação
Eu vou também colocar,
O nome dos vereadores
Primeiros deste lugar.
Até o ano decerto
De setenta e seis por certo,
Pra você memorizar.
            XLIX
João Martins e Evilásio,
Agnélio e Joviniano,
O saudoso e popular,
Francisco Martiniano,
Ou seja, seu Chico Naneu,
O qual entre nós viveu,
Sem jamais ser leviano.
              L
Francisco Ferreira e Orlando
Já segue aqui na sequência,
Com o Carlos Gonçalves,
Que é outro de eficiência.
Gildásio Miguel de Mastro
E o Gildásio de Castro,
São todos de competência.   
               LI
Faltava citar somente,
Enfim Rosalvo Ferreira,
Porém já não falta mais
Pois já está na fileira.
Outro grande baluarte,
O qual na linha de ataque
Sempre interagiu sem besteira.
            LII
Genelísio e Máximo Guedes,
Getúlio Carlos e Osvaldo;
E o nobre Antônio Nunes;
Gilci de Castro Dourado;
Anfilófio Guedes Matos;
Marcilon Machado Matos,
E ainda, Maria Machado.
            LIII
Pedro Carneiro e Zé Pedro;
Também Djalma Ferreira,
O Cláudio Primo da Silva
E Antônio Lúcio Pereira.
Adão de Assunção Duarte,
O que faz tudo com arte,
E que advoga de primeira.
            LIV
Absolon, João Alecrim,
Zé Dias, Joarez Amaral;
O Nicomendes Pereira;
João Guedes Juvenal.
Arnaldo Martins de Almeida,
O qual na coisa envereda,
Também foi prefeito o tal.
            LV
José Alves e Carlito;
Elpídio e Euzébio Brito;
Cantídio Ferreira e Milton
Porto, também já escrito.
Quarenta vereadores
E todos trabalhadores,
Um a um são de granito.
           LVI 
Euzébio Ferreira Brito,
Acima mencionado
Foi o primeiro prefeito,
E também muito estimado.
Tem também Almir Ribeiro
Maciel, outro altaneiro,
E certamente admirado.
            LVII
Carlos Gonçalves dos Santos
E o amigo Zé ribeiro,
Também foram bons prefeitos
Para o povo de primeiro.
Cantídio Pires decerto
E Arnaldo Martins por certo,
São de fato os derradeiros.
            LVIII
O primeiro cordelista
Da História de Central,
Que o povo tem notícia
Desde o tempo imperial:
Foi o véi Mane Bruaca,
Um violeiro de taca,
Com pose de general.
            LIX
E depois Miguel Viola,
O rimador do sertão;
Também contador de causos
Passados na região.
Pra ele eu tiro o chapéu,
Pra mim foi mais que um troféu,
Pois ele foi meu paizão.
            LX
E por aqui meu amigo
Decerto vou encerrar,
A história dos antigos,
De Central um bom lugar.
Mas o tempo continua,
A trajetória hoje é sua,
Que outra hora eu vou contar.
            LXI
Portanto, é você agora
Que hoje lê este cordel
Do autor Pedro Viola,
Nesta folha de papel,
Que um dia será lembrando
Como coisa do passado
Como as estrelas do céu.
            LXII
Pois nós somos a história,
Aqui e em qualquer lugar.
Agora ou a qualquer hora
Aonde você se encontrar;
Será mero personagem,
Que marcou sua passagem
Para eu poder rimar.
            LXIII


Autor: Pedro Viola

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segunda-feira, 27 de abril de 2020

"O FILHO QUE CASOU COM A MÃE"



No mundo tudo acontece,
Diz o adágio popular,
E a história de Estelito,
Vou agora lhe contar.
Um empresário opulento,
Que ainda sem ser a contento,
Com a mãe teve que casar.
                    
Aos trinta anos de viúva,
E setenta de idade,
Ao filho, Dona Maria,
Disse com sinceridade:
Tá amando de bom gosto,
Um rapaz muito disposto,
De sua mesma cidade.
                  
Sem dúvida Dona Maria
Tinha bela perfeição,
E era a mulher mais rica,
Na época, da região.
Porém, o “amor-cor-de-rosa”,
De forma bem grandiosa
Lhe acendeu nova paixão.
                 
Segundo Miguel Viola
Que este causo, enfim contava,
Um dia na feira-livre,
A velha Maria andava;
Silvério “abre o coração”,
E de joelhos no chão,
O confessou que a amava.

─Toma jeito meu rapaz,
Olhe para a minha idade,
Tenho mais de setenta anos,
Disse-lhe ela na verdade!
E novamente Silvério,
A ela disse bem sério,
─Eu te amo minha beldade.
                
Dona Maria perplexa,
Tão logo disse ademais:
─Como posso acreditar,
Na confissão que me faz;
Se quarenta anos de idade,
Mais velha sou na verdade,
Do que ti, ò meu rapaz!
                
O rapaz disse: ─ mulher,
Se você olhar bem, em mim,
Verás que tou todo trêmulo;
Nunca amei ninguém assim!
A grande realidade,
É que o amor não tem idade,
Acredite nisto enfim.
                
Notando ali a cautela
Que tinha Dona Maria,
Desconfiado decerto,
Consigo o moço dizia:
“Esta velha certamente,
É muito esperta evidente,
Mas lhe vencerei um dia “...

Na boca da velha um beijo,
Então pediu o Silvério,
Mesmo ele já sabendo,
Não desejar nada sério.
Porque para ele seria,
A forma ali de Maria,
Cair logo no mistério.
                
Por já haver interesse,
A velha não rejeitou.
Tão logo abraçou Silvério;
Que sem querer lhe beijou.
E já com menos dureza,
A viúva com certeza,
A Silvério assim falou:
               
─Rapaz você é mesmo um,
De fato louco, e insistente;
Quem você acha que vai,
Crer neste amor finalmente?
Pra ela ele disse assim: ─
Você crendo amor, em mim,
É o que importa evidente.
               
Aliás, Dona Maria,
Mesmo ficando animada,
A resposta pro Silvério,
Por quem já sentira amada;
Prometeu dar certamente: ─
Só depois logicamente,
De ser bem analisada.

O rapaz, disse, meu bem
Analise com carinho!
Não despreze quem ti ama,
Faça de mim o seu ninho;
Pra te aquecer todo dia;
Não tenha cisma Maria
É todo teu, meu corpinho!
                 
Ele sabia que a chance
De pôr à mão na riqueza,
Casado com a Maria,
Mais rica da redondeza.
Era na realidade,
Enfim, a oportunidade,
Das mais lógicas, com certeza.
                 
Logo depois de três dias
Maria manda chamar,
O galhardo do Silvério,
Que dizia lhe amar.
E tudo que ele chegou,
Na frente dela chorou,
Para o plano executar.
                
Naquele momento ali,
Uma fortíssima emoção,
Da Dona Maria, enfim,
Invadiu o coração.
E com bastante alegria,
A velha disse: ─ Sorria,
Já sou tua, seu bobão.

Com muito mais emoção,
Disse Silvério a Maria: ─
Pra provar se seu amor
É de fato de valia;
É comigo se casar;
E caso venha topar;
Caso hoje com alegria.
                
Porém Maria lhe disse: ─
Vamos com calma, rapaz,
O importante é a gente,
Se amar e viver em paz;
Casamento depois vem;
Deixa de pressa, meu bem,
Você, já me satisfaz.
               
Pensou ele, ainda consigo,
Mas quando mesmo será;
Que esta velha tão coroca,
Comigo enfim haverá!
De casar-se com certeza;
E mais perto da riqueza,
Eu venha de fato está?
               
Porém Silvério seguia
Crendo na premonição,
De enganar Dona Maria,
Mais rica da região.
A qual, enfim se casar,
Depois de muito pensar,
Prometeu ao rapagão.

Então ele se alegrou,
E a data do casamento,
O que demais almejava,
Logo marcou a contento.
Mas para contrariar,
Houve sem ele esperar,
Outro descontentamento.
               
Antes de ele ir para o Fórum
Como, tanto, enfim queria;
Casar na igreja católica,
Já tinha plano, a Maria.
E mesmo ele sem gostar,
Teve ali que concordar,
E demonstrar alegria.
               
Pra sua surpresa, enfim,
O dia do casamento,
Para o mesmo do civil,
Pela a viúva a contento;
Já estava, enfim marcado,
O jovem diz chateado:
La vem, outro impedimento.
               
Porém o dia chegou,
E o povo da redondeza,
A convite da viúva,
Foi assistir com certeza.
O tal casório esperado,
Com o plebeu já notado,
Igual gente de grandeza.

Tão certo o rapaz pensou:
Hoje minha alma alivia;
Assim que nós nos casarmos,
Pra mim o sol irradia;
E assim que a velha morrer;
Como deve acontecer,
Vou viver na maresia.
                 
O que ele não esperava,
E muito menos queria,
Era que de um filho único,
Era mãe, Dona Maria,
O qual em outra cidade,
Habitava na verdade,
E que tudo já sabia.
               
Todas as informações,
Do malandro “Safadão”,
Estelito já obtinha,
Na palma de sua mão.
Dia e hora do casório,
Na igreja e no cartório,
Já sabia ele então.
              
Nesse tempo com certeza,
Telegrama não havia,
Na cidade de Estelito
Nem na de Dona Maria.
Pra mãe não ser enganada,
Às quatro da madrugada,
Partira naquele dia.

No dia do casamento,
A igreja já bem lotada,
Sem sua mãe perceber,
De forma bem disfarçada,
Estelito ali chegou,
E bem quietinho ficou,
Esperou à hora chegada.
               
Depois ali do Vigário,
A Maria perguntar,
Se era do seu bom gosto,
Com o rapaz se casar!
Perguntou também a Silvério;
Que logo pensou bem sério,
É minha vez de falar...
                
Mas antes dele falar,
Quem falou foi Estelito,
O renovo de Maria,
Empresário de granito.
Dizendo─ Seu Padre Zeu,
Com mamãe, casa-se eu,
Neste dia tão bonito.
               
O Padre bem assustado,
Diante da confissão,
Repreendeu a blasfema,
De modo um tanto durão.
Estelito naquela hora,
Disse: ─ meu Deus e agora,
Qual será a solução?

Já pelo lado de fora,
Da igreja ali certamente,
Certo valor já na mão,
Pela janela evidente,
Estelito, então mostrava,
Ao Padre que já olhava,
Todo disfarçadamente.
              
E logo assim que Estelito,
Viu que o Padre ali notou.
Pra dentro da igreja, enfim,
Novamente ele voltou.
E já estando assentado,
Logo o Padre ameaçado...
Sem demora o interrogou:
               
─Rapaz, repita de novo
Pra eu entender melhor
O que você falou antes,
Pois entendi o pior...
─ E Estelito conheceu,
Que o sol pra ele nasceu,
E louvou ao Pai maior.
              
Então com mais confiança,
Disse sem titubear: ─
Padre, com a minha mãe,
Eu quero sim me casar.
E o povo ali novamente,
Ficaram logicamente,
Sem querer acreditar.


Logo, o Padre respondeu,
Causando maior tensão;
Ao confirmar para todos,
Não haver pecado não!
De o filho, então se casar
Com a mãe, e celebrar,
O casamento ia, então.
                
Na verdade o Padre disse,
Ouvir o moço falar;
Que seria com o pai,
Que queria se casar.
E a Estelito perdão,
Pediu, e disse: meu irmão,
Você é um filho exemplar.
              
Decerto Dona Maria,
Daquilo nada gostou,
Porém com a ação do filho,
Ela logo ali pensou;
De estar havendo um mistério,
E desgostando Silvério,
Com o filho, se casou.
                 
Pra mãe, ele revelou,
Tudo ali bem detalhado.
Ela agradeceu ao filho,
O pior ter evitado.
Silvério até hoje chora,
Conforme, Miguel Viola,
Meu saudoso pai amado.

Autor: Pedro Viola

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sábado, 25 de abril de 2020

CUIDADO COM A LÍNGUA!


Prezado amigo leitor
Irei aqui abordar
A respeito de um membro
Pequeno e espetacular
Refiro-me à língua humana
O órgão que quer falar
              I
A língua é um objeto
De uma grande aceitação
E fica no céu da boca
Pra nossa satisfação
E para nos dá sabor
Na sua degustação
              II
A língua como linguagem
Faz a gente se expressar
Todos nossos pensamentos
E sem aqui enrolar
Continuarei, no entanto
Descrevendo sem cessar.
             III
A língua é um instrumento
Certamente especial
Um presente grandioso
Uma dádiva divinal
Para todo ser vivente
É a lei primordial
              IV
Este membro precioso
Faz o homem ressoar
Com ele a gente critica
Ou se pode elogiar
Com ele a gente bendiz
Ou pode amaldiçoar
              V
Por tanto meu caro amigo
Deixo-lhe bem avisado
Quando for exclamar algo
Tenha bastante cuidado
Saiba domar sua língua
Pra não ser desventurado
              VI
Seja sempre cauteloso
Não deixe de vigiar
Pois a língua é como fogo
Ela pode incendiar
Construir ou destruir
A base familiar
           VII
A Bíblia nos recomenda
Refrear com precisão
A nossa língua do mal
Fugindo da tentação
A língua tem assolado
Grande parte da nação
            VIII
Novamente quero aqui
A sua atenção chamar
Não importa a sua idade
Ouça o que vou te falar
Examine a Bíblia e nunca
Deixe a língua te domar
              IX
Palavra dita não volta
Não seja murmurador
Use, então, a tua língua
Só pra glória do Senhor
Quem não doma este membro
Não pode ser vencedor
              X
Por mais que a pessoa seja
Influente e competente
As vezes comete gafe
Que não é conveniente
E até fala o que não deve
Ferindo bastante gente
              XI
A classe mais faladeira
É toda classe afinal
Pois decerto até o mudo
Fala fazendo sinal
Digo aqui esta verdade
De forma racional
              XII
Fevereiro na verdade
O povo fala mais pouco
Mês de vinte e oito dias
Para muitos, um sufoco
Pois há aquele que fala
De fato até ficar rouco
              XIII
Eu vou ficar por aqui
Vejo que devo parar
E mais uma vez lhe digo
Não deixe de vigiar
E que este cordel sirva
Para você meditar
             XIV


Autor: Poeta Pedro Viola

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sexta-feira, 24 de abril de 2020

MANÉ PREÁ & MIGUEL VIOLA - O TIRA-TEIMA


AS ARTIMANHAS DE MANÉ PREÁ E MIGUEL VIOLA
EPISÓDIO 2 - O TIRA-TEIMA



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quarta-feira, 22 de abril de 2020

COMUNICADO

Pessoal comunico a vocês que devido a um erro no blog, fui obrigado a retirar algumas postagens, porém o mais breve possível estarei postando novamente.

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HOMENAGEM PÓSTUMA A GUGU LIBERATO

Meu caro amigo leitor

Preste bastante atenção,
Meu nome é Pedro Viola,
O poeta do sertão.
A região de Irecê,
A capital do Feijão.
1
O tema que eu vou narrar
De início já lhe adianto,
Que não é mera ficção,
Porque se trata, enfim, no entanto,
De um nobre apresentador
Que nos causa admiração.
2
Gugu Liberato é
O nome deste homem nobre
Que aos vinte e um de novembro,
De dois mil e dezenove,
Sem ele mesmo esperar,
Pra outro mundo se move.
3
Não vou entrar em detalhes
Sobre a morte certamente
Neste cordel resumido,
O que eu quero é tão somente
Falar da sua importância
Enquanto viveu com a gente.
4
Há um ditado que diz
Já bastante popular:
Que o homem afortunado
Com certeza sabe amar.
E ajudar o seu próximo
Sem, contudo se gabar.
5
Era assim que sempre agia
Esse herói da multidão,
Também de delicadeza
E, enfim da televisão.
Que partiu sem despedir,
Causando-nos comoção.
6
Portanto, eu quero aqui
A ele parabenizar
Por tudo que, enfim, fez
Decerto para ajudar,
O menos favorecido,
Quem mais vive apenar.
7
E por mais que seja triste
É necessário falar:
Muita gente hoje dia
Não tem nem onde morar,
Nem roupa para vestir,
Nem de que se alimentar.
8
Gugu foi um super-homem,
Sim, do amor o do perdão,
Um companheiro e amigo,
Foi muito mais que um irmão.
Certamente ele ajudou
Grande parte da nação.
9
O seu trabalho altaneiro
Eu vou sempre enaltecer,
Este reconhecimento
Ele fez por merecer.
Foi um ser muito influente
Que só o bem soube fazer.
10
Aliás, parabenizo
Também todo SBT,
Pela sua produção,
A mais bela da TV.
O mundo todo agradece,
Também se liga em você.
11
O seu Domingo Legal
Era mesmo triunfante,
Um programa para todos
“E de atração fascinante”.
Sem dúvida alguma Gugu
Era um “show - mem” elegante.
12
Quem for do meu tempo deve,
Ter visto Gugu fazer:
A dança do passarinho
No Programa de TV,
Suavizando a vida num,
“Reality show” do sofrer.
13
No início ele recebia
Com humildade a pobreza,
E de igual modo também,
A mais nobre realeza.
Igualando rico e pobre
Num só nível de beleza.
14
Ele foi um super-homem
Sim, do amor e do perdão,
Um companheiro e amigo,
Foi muito mais que um irmão.
Certamente ele ajudou
Grande parte da nação.
15
Não importava a idade,
De mamando a caducando,
No seu programa se via,
Todos se apresentando.
Em todos os seus programas
Mereceu o seu comando.
15
Além de apresentador
Gugu Liberato também
Era cantor e artista plástico,
E em nada ficava aquém,
Mas ser apresentador
É o que lhe fazia bem.
16
Logo aos vinte e cinco anos
Foi para a televisão,
Comandar o Viva Noite
E diz a pesquisa, então,
Que o primeiro lugar
Alcançou com precisão.
17
Isto se deu em oitenta e dois,
Pelo SBT evidente,
E era, no entanto, nos sábados
Exibido certamente.
Antes disto foi jurado
De Raul Gil realmente.
18
Lembro que em oitenta e quatro
No seu palco certamente
Houve a estréia do grupo
Menudo evidentemente,
O qual logo se expandiu
De modo surpreendente.
19
Como profissional
Gugu trabalhou, portanto,
Em uma série de filmes
Dedicado ao público infanton-
Juvenil, e na verdade
Sempre transmitindo encanto.
20
Ele também atuou
Em filmes logicamente
De longa metragem, enfim,
Dos Trapalhões certamente;
De Xuxa e ainda Angélica,
Digo aqui alegremente.
21
Lançou “o Gabi Revista
De Gugu”, que com certeza
Faz parte do seu currículo
Que é mesmo de grandeza.
Aliás, a sua vida
Foi marcada de nobreza.
22
E só lembrando que a música:
O “Pintinho Amarelinho”,
A qual ele sempre cantava
Fazendo o seu mexidinho,
Também foi ele que fez,
Deixo aqui “registradinho”.
23
Logicamente o Gugu,
Creio eu evidentemente,
Não pensasse de parti
Tão cedo assim certamente,
Mas que essa falta um dia
Ele faria evidente.
24
Pois isto é inevitável
Para quem aqui faz o bem,
Sobretudo na verdade,
Quando de fato esse alguém
Tem fama igual Gugu tinha,
Dizer aqui me convém.
25
Mas a vida é assim mesmo,
De poucos dias pra cá
Muita gente da TV
Já deixaram de está;
Marcelo Resende é um
Assim como também o Bouchat.
26
Cito ainda o saudoso,
O Paulo Henrique Amorim,
De igual modo Wagner Montes,
E o Jorge Amado, enfim.
E esta é a prova que todos,
Que vem a este mundo tem fim.
27
Só lembrando que por último
Como apresentador, sim,
Gugu fazia o “reality
Show canta Comigo”, enfim.
Isto na Rede Record
Que é outra digna para mim.
28
Aliás, eu também quero
Fazer jus aqui também,
De fato a Rede Record,
Dando-lhe, enfim, até amém,
Por todo o apoio que deu
Ao Gugu, homem do bem.
29
Antes de encerrar aos
Filhos de Gugu, no entanto:
João Marina e Sofia,
Uma trindade de encanto
Deixo minha condolência
A cada um deles, portanto.
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Também quero estender
Os meus pêsames decerto,
A Dona Maria do Céu,
A mãe de Gugu, por certo.
E a todos os fãs e amigos,
Do mais longe ao mais de perto.
31
Aqui findo a síntese deste
Saudoso de maestria,
Que aos nove dias de abril
Decerto completaria:
Sessenta e um anos de vida,
Vivida com alegria.
32

Poeta Pedro Viola

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terça-feira, 21 de abril de 2020

CORDEL INTITULADO: A CASA DAS LIVUSIAS


Eu agora vou narrar
Sobre uma casa assobrada,
Amigo preste atenção
Nesta história se dada.
Pois talvez de assombração
Você nunca viu foi nada.
1
Na casa das livusias
Quinze dias seu ninguém
Conseguia nela morar
E dizer aqui me convém,
Que nem mesmo uma noite
Suportou um certo alguém.
2
O senhor Mané Preá
Foi esse alguém certamente,
Que se mijou e cagou
Quando esteve ali presente,
Ao vê fogo acender só
E quadro andar evidente.
3
Onde cadeira e panela
E filtro de água, portanto,
Sem ajuda de ser humano
Mexia por todo canto
Razão de Mané Preá
Correr sem quebrar o encanto.
4
Inclusive da carreira
Que Mané deu nesse dia,
Foi parar a casa de
Miguel, o qual já dormia,
E que acordou com os gritos
Do compadre em agonia.
5
Nem de peixeira e garrucha
Mané Preá se lembrou,
Quanto mais da sacolinha
E as velas que levou.
Foi um dia de aflição,
Tudo isto porque teimou.
6
Miguel Viola o alertou,
Mas ele não deu importância,
Com gesto de valentia
Dizia ele com jactância,
Que de nada tinha medo,
Foi grande a intolerância.
7
Até mesmo lobisomem
Disse, ele ter enfrentado,
Miguel fez o desafio
E por Mané foi topado.
De ir dormi a casa que
Miguel tinha se mudado.
8
E com gesto de homem bravo
Ali naquela noitinha
Depois de Miguel Viola
Entregar-lhe, enfim, a chavinha.
Dizia ele: então, compadre
É esta aqui, a casinha?
9
Sem ter muito que fazer,
Miguel só o desejou,
Uma boa noite ao amigo
Que pra dentro logo entrou.
E que minuciosamente
Tudo lá dentro sondou.
10
O que lhe deixou em dúvida,
Mas também muito animado,
Foi cadeira, filtro e rede
Lá dentro ter encontrado,
Bacia, prato e toalha
E retrato pendurado
11
Diante desse cenário,
Nunca que Mané pensou,
Que fosse ali certamente,
Esse, que quase matou:
O pobre Miguel, de medo
Nas noites que o pernoitou.
12
O Mané Preá, de inicio,
Chegou de fato a pensar
Que seu compadre Miguel
Queria era lhe negar,
A dormida preferida
Que tanto estava a sonhar.
13
Mas o engano de Mané
Foi logo ali tirado,
E começou pelo o filtro,
O qual deixou desligado,
Ao ligar ali sozinho,
E sem gato, ouvi miado.
14
Panela e bacia, enfim,
Sem se mover do lugar,
Fazia ali reboliço
Caindo no chão a espalhar.
Contudo Mané tentou
Ali, enfim, se acalmar.
15
Mas quando ele viu o fogo
Do fogão a clarear,
E o retrato da parede
Livremente passear.
Implorou, então aos Santos,
Que não lhe fora assear.
16
Não teve cruz, não teve nada,
Nem “Nossa Senhora”, enfim,
Para o livrá-lo decerto
Do momento ali ruim.
Que para Mané Preá
Parecia não ter fim.
17
Porém ele fez de tudo
Para vê se não corria,
E manter a sua pose
Que era de valentia.
Porém chegou a hora em que
Mostrou sua covardia.
18
Foi na hora em que ele viu
Em alta velocidade,
A cadeira balançando
Sozinha ali na verdade.
Foi quando ele mijou
Também na realidade.
19
A rede que Mané tava,
Foi a última tentativa,
Para ele suportar
Toda tentação ativa,
Pois a rede transmitia
Maior força negativa.
20
Nessa hora Mané Preá
Ali gritava e gemia,
Chamando Miguel Viola
O qual nessa hora dormia.
Foi quando Mané, da rede
Pulou de tanta agonia.
21
Ele, então, caiu no chão
Quase, enfim desgovernado,
Mas contudo conseguiu
Mesmo estando atordoado,
Sair dali do local
Correndo desesperado.
22
Além da sua garrucha
E peixeira certamente,
Ele deixou também as botas
E sua cruz realmente.
O suor tomava conta
Dele todo finalmente.
23
E além de Mané ali
Ter de fato se mijado,
Saiu também bem fedido
Deixo aqui bem explicado.
Certamente seu Mané
Sofreu ali seu bocado.
24
Vários dias seu Mané
Sofreu de disenteria,
Porque medo igual aquele
Nunca passara outro dia.
Nem brincando hoje ele gosta
De falar em livusia.
25
Miguel Viola, seu compadre
Que é de maior precaução
Lamentou com certeza
A triste situação,
De ver o colega correndo
Naquela dura aflição
26
Pois Miguel estava, enfim,
Ainda bem amedrontado,
Com o que tinha vivido
Nesse casebre assombrado,
De igual modo as criançinhas,
E todo seu povo amado.
27
Miguel Viola perdeu
Toda sua bugiganga,
Pois até mesmo de dia
Não tinha pano pra manga
De adentrar a casa em que,
Fantasma lida a charanga.
28
E com isto esta história
Está chegando ao fim.
A história da velha casa
Das Livusias, enfim.
Onde Mané Preá disse
Nunca ter sofrido assim.
29
Mas para finalizar,
Quero aqui esclarecer:
Que a casa das livusias
Que pude aqui descrever.
É uma história criada.
Que vale apena se ler.
30
Pois ela mostra de fato
A grande realidade.
De que andar, se gabando,
É coisa que na verdade,
Não vale apena decerto,
Feliz quem tem humildade.
31
Este cordel foi mais um
Que entrou para os anais
Da minha autoria decerto,
E querendo saber mais,
Sobre mim, acesse, enfim,
Minhas redes sociais.
32





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